sábado, 26 de janeiro de 2013

Árvores da Amazônia podem resistir a aquecimento da Terra, diz estudo


Análise genética feita em árvores por pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido aponta que muitas espécies existentes na Amazônia continental conseguiriam sobreviver aos efeitos mudança climática causada pela atividade humana, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira (13) no periódico científico “Ecology and Evolution”.

Um sequenciamento genético feito em espécies de árvores encontradas no bioma conseguiu detectar mutações que datam de 8 milhões de anos. Tais evoluções encontradas indicaram que as árvores sobreviveram a períodos anteriores com alta temperatura global, comparados àqueles que podem ser registrados futuramente no planeta devido às emissões de gases-estufa – conforme previsão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).
No entanto, incêndios florestais provocados e a superexploração de recursos naturais ameaçam o futuro do bioma, que cobre uma extensão de 7,8 milhões de km² e abrange nove países da América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).
De acordo com pesquisadores, durante o período Mioceno (entre 11,5 milhões a 5,3 milhões de anos atrás) as temperaturas que atingiram a região amazônica se aproximavam à projeção do IPCC para 2100, utilizando o pior cenário de fortes emissões de carbono.
Relatório do grupo divulgado em 2007 aponta para uma alta de  6,4 ºC se a população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for mantido o consumo intenso dos combustíveis fósseis (pior cenário).
Isso poderia causar secas extremas no bioma e um fenômeno chamado de savanização, quando a floresta mudaria de perfil, com uma existência maior de plantas que conseguem sobreviver a altas temperaturas (seleção natural), assim como aquelas que já existem no cerrado brasileiro.
Previsão do IPCC aponta aumento médio global das temperaturas entre 1,8 ºC e 4,0 ºC até 2100, com possibilidade de alta para 6,4 ºC, no pior cenário
Maior proteção contra ação humana
Os cientistas analisaram 12 espécies de árvores existentes em regiões do Panamá e Equador. Além disso, foram usadas amostras encontradas no Brasil, Peru, Guiana Francesa e Bolívia.
Christopher Dick, autor do estudo e professor da Universidade Michigan, nos EUA, afirma que a pesquisa fornece evidências de que as árvores da Amazônia que já enfrentaram temperaturas altas podem até tolerar, a curto prazo, mudanças ambientais futuras
No entanto, Simon Lewis, University College London e da Universidade Leeds, ambas britânicas, que também participou do estudo, adverte que a sobrevivência dessas espécies às alterações climáticas dependerá de uma maior proteção da floresta, que enfrenta forte influência humana – o que não acontecia há milhões de anos. Por conta disto, pede uma maior política de conservação para combater o desmatamento voltado à agricultura ou mineração.
“Nós também precisamos de ações mais agressivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o intuito de minimizar o risco da seca e impactos das queimadas, além de garantir o futuro da maioria das espécies amazônicas”, explica o pesquisador em comunicado.
Garimpo ilegal localizado no meio da floresta amazônica, na fronteira entre a Bolívia e Brasil (Foto: Jorge Silva/Reuters)Garimpo ilegal localizado no meio da floresta amazônica, na fronteira entre a Bolívia e Brasil (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Desmate avança na Amazônia sul-americana em 10 anosEntre 2000 e 2010, a Amazônia continental perdeu o total de 240 mil km² devido ao desmatamento, o equivalente a uma Grã-Bretanha, de acordo com dados reunidos pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciadas (RAISG), divulgados por 11 organizações não governamentais.

É como se, em 11 anos, “sumisse do mapa” área equivalente a quase seis vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro. Os números integram o documento “Amazônia sob pressão”, que reúne informações sobre a degradação registrada ao longo da última década na região englobada pelo bioma.

No período, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).
Apesar do número alto, nos últimos anos o Ministério de Meio Ambiente tem divulgado redução na degradação da Amazônia Legal (que abrange nove estados do país). No fim de novembro, o governo divulgou que o desmatamento teve o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.

De acordo com dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
Desmatamento Amazônia 2012 (Foto:  )
Ameaças e pressões
Sobre a influência humana na floresta amazônica, o documento divulgado por ONGs afirma que todas as sub-bacias do bioma foram afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão -- construção de estradas, exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.

O relatório aponta também que em toda a Amazônia existem 171 hidrelétricas em operação ou em desenvolvimento, além de 246 projetos em estudo. No caso da mineração, as zonas de interesse somam 1,6 milhão de km² (21% do território do bioma), em especial na Guiana. Sobre a exploração de petróleo e gás, atualmente existem 81 lotes sendo explorados, mas há outros 246 que despertam interesse da indústria petrolífera.
Em relação à construção de estradas, o documento diz que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.

Referente às queimadas, o relatório diz que o sudeste da Amazônia, entre o Brasil e a Bolívia, concentra a maior quantidade de focos de calor -- a região recebe o nome de "arco do desmatamento". Esta faixa territorial vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.

Greenpeace e JBS retomam diálogo por acordo na Amazônia


 JBS, maior processadora de carne bovina do mundo, e a organização não-governamental ambientalista Greenpeace anunciaram nesta quarta-feira (19) que estão retomando o diálogo para o cumprimento do acordo sócio-ambiental com relação ao bioma amazônico firmado com clientes.
Com isso, a empresa e a ONG adotam novo cronograma que prevê que, até dezembro de 2014, todas as fazendas fornecedoras diretas de gado para a JBS terão mapas de georeferenciamento, que servirá de base para averiguar sobre possíveis desmatamentos nas propriedades.
O cronograma também prevê que a JBS atenderá as exigências e os prazos legais estipulados pelo novo Código Florestal até dezembro de 2014.
Numa etapa intermediária, em meta prevista para até dezembro de 2013, a companhia deverá desenvolver um novo procedimento para a emissão das Guias de Trânsito Animal (GTA), que leve em consideração a lista de áreas embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Relatório da JBS, auditado pela BDO RCS auditores independentes, indica que a companhia tem um cadastro de mais de 22 mil fazendas fornecedoras, dos quais a companhia realizou compras efetivas de pouco mais de 15 mil fazendas.
Os dados compilados até o início de novembro indicavam que deste número total de fornecedores da JBS, quase 10 mil deles possuem mapas digitalizados das fazendas localizadas no Bioma da Amazônia.
A questão resolve impasse iniciado em junho, depois que o Greenpeace divulgou relatório no qual afirmava que a JBS havia desrespeitado compromisso firmado em 2009, em que se comprometia a não comprar mais animais criados em áreas desmatadas recentemente.
Na ocasião, a ONG disse ainda que a JBS corria risco de perder clientes por descumprir tal acordo, mas a empresa negou cancelamentos de contratos e alegou que o relatório do Greenpeace trazia informações incorretas.
Ainda em junho, a JBS informou que a justiça havia concedido liminar a favor da empresa e contra o Greenpeace, em Vara Cível de Goiânia.
O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Marcio Astrini, observa que por esta iniciativa a JBS retoma acordo firmado em 2009.
Segundo o Greenpeace, por esta medida "a JBS reforça seu compromisso público de não comprar gado de fazendas da Amazônia que desmataram, que operam dentro de áreas protegidas e com casos de trabalho escravo".

Nasa mostra que seca de 2005 afetou área da Amazônia por anos


Um estudo da agência espacial americana (Nasa) revela que uma área da floresta amazônica com duas vezes o tamanho da Califórnia (equivalente a mais de 800 mil quilômetros quadrados) continuou sofrendo os efeitos de uma grande seca que começou em 2005. Os resultados foram publicados na revista “PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
A pesquisa sugere que a floresta tropical amazônica pode estar mostrando os primeiros sinais de degradação em larga escala devido à mudança climática.
Amazônia mostra sinais de degradação devido a mudanças climáticas (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech)Oito anos depois, os danos causados pela seca de 2005 ainda são visíveis (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech)
A equipe internacional de pesquisadores, liderados pela Nasa, avaliou mais de uma década de dados captados por satélite entre 2000 e 2009 sobre a Amazônia. A análise também incluiu medições da precipitação das chuvas tropicais,  do teor de umidade e da cobertura florestal.


Os resultados revelam que, durante o verão de 2005, mais de 700 mil quilômetros quadrados (70 milhões de hectares) de floresta no sudoeste da Amazônia enfrentaram uma extensa e severa seca.


A “megasseca”, como é chamada pelos pesquisadores, provocou danos generalizados à cobertura florestal, com a morte de galhos e quedas de árvores, especialmente as maiores e mais antigas, que são mais vulneráveis do que às demais por oferecem abrigo ao restante da Embora os níveis de precipitação tenham voltado ao normal nos anos seguintes à seca, os prejuízos continuaram durante a segunda grave seca que começou em 2010, acreditam os cientistas. Esse “golpe duplo”, afirma o artigo, sugere um efeito generalizado das mudanças climáticas nas regiões sul e oeste da Amazônia.


"Esperávamos que a cobertura da floresta se recuperasse depois de um ano com o vigor da nova vegetação, mas o dano parece persistir até a seca subsequente, em 2010", afirmou o coautor do estudo, Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Os pesquisadores atribuem a seca de 2005 ao aquecimento das temperaturas da superfície do mar do Atlântico tropical. "O mesmo fenômeno climático que ajudou a formar os furacões Katrina e Rita, ao longo da costa dos EUA, em 2005, provavelmente também causou a grave seca no sudoeste da Amazônia", acredita Sassan Saatchi, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.
De acordo com ele, o estudo indica que as “megassecas” podem ter efeitos duradouros sobre as florestas tropicais. “Nossos resultados sugerem que, se as secas continuam ocorrendo em intervalos entre cinco e 10 anos, [...] elas podem alterar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas da Amazônia".
Amazônia mostra sinais de degradação devido a mudanças climáticas (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech/GSFC)Em vermelho e amarelo, gráfico mostra as áreas mais afetadas pela seca em durante os meses de junho, julho e agosto de 2005. (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech/GSFC)



Em 2005, cerca de 30% (1,7 milhões de quilômetros quadrados) da bacia amazônica foi afetada, com mais de 5% da floresta submetida à seca, afirma o estudo. Cinco anos depois, a seca de 2010 afetou quase metade de toda a extensão da Amazônia. Os dados obtidos via satélite demonstram ainda um aumento no número de incêndios florestais e da mortandade de árvores.
De acordo com o site globoamazonia.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Efeitos da seca podem durar anos na Floresta Amazônica


Segundo estudo publicado na revista PNAS, efeitos a longo prazo da seca de 2005 colocam em risco a sobrevivência da floresta

A Floresta Amazônica pode demorar vários anos para se recuperar dos efeitos de uma grande seca, colocando em risco a sua própria sobrevivência caso esses eventos passem a ocorrer com mais frequência - como preveem alguns modelos de mudanças climáticas para a região nas próximas décadas. O alerta é de um estudo publicado na última edição da revista PNAS, que avaliou, pela primeira vez, os efeitos a longo prazo da grande seca de 2005 na Amazônia.
Fonte:ig