Considerada a principal estratégia do governo para fomentar a economia sustentável na Amazônia, a concessão de florestas públicas ainda está subexplorada. Aprovada em 2006, a expectativa era de, em dez anos, licitar 13 milhões de hectares, mas até agora o governo só licitou 96 mil hectares para a exploração sustentável de floresta. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo Roberto Waack, presidente da Amata, empresa que ganhou o leilão de um lote da Floresta do Jamari (RO), as florestas que podem ser licitadas têm potencial para girar ao menos US$ 1,8 bilhão ao ano. O valor é ampliado quando se consideram o extrativismo e as cadeias industriais da madeira.
Ainda no primeiro semestre de 2010, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) deve conceder mais 700 mil hectares. Segundo o diretor-geral do SFB, o atraso aconteceu porque "a previsão da época esqueceu as instruções processuais", como a necessidade de criar plano de manejo, fazer consultas públicas e obter autorizações ambientais.
Perdendo tempo
Segundo a geógrafa Bertha Becker, o Brasil está perdendo tempo. "Na Europa, estão avançando nessa indústria sustentável e moderna. Esse papo [de só preservação] fica para nós. Estamos perdendo tempo", disse à Folha de S. Paulo.
Em 2008, ela e outros cinco cientistas produziram um documento que propunha uma "revolução científica e tecnológica" na região: em dez anos, com investimentos de R$ 3 bilhões anuais, três institutos de pesquisa e duas universidades começariam a inventar formas de agregar valor a produtos locais e de inseri-los globalmente. "Até agora, não saiu nada. Mas deram mais dinheiro para bolsas de pesquisa na região."
Na mata densa, a economia pode ser turbinada com ecoturismo, serviços ambientais e extrativismo em cadeias produtivas para produzir fármacos, diz Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra e autor de "O Novo Manual de Negócios Sustentáveis" (2009).
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