sábado, 13 de fevereiro de 2010

Exigências ambientais aquecem mercado de reflorestamento

Para reflorestadoras, há muito espaço para aumento da demanda

Débora Thomé

RIO
O aumento das exigências ambientais está movimentando os negócios de mudas de espécies nativas. O reflorestamento ? planejado e não mais improvisado ? passou a ser exigido para uma série de empresas como forma de compensação ambiental. Com isso, o setor vem aperfeiçoando seus serviços e ampliando as vendas.

A Bio Flora produz em Piracicaba, no interior de São Paulo, de três a quatro milhões de mudas por ano. Entre os clientes, estão várias usinas, cervejarias, companhias que precisam fazer ajustes ambientais ou mesmo que estão interessadas em ações de reflorestamento.

André Gustavo Nave, diretor da empresa, acredita que, no cenário atual, ainda há muito espaço para um aumento da demanda por mudas. A Bio Flora produz 200 espécies de árvores ? para a recuperação de florestas, a atual legislação ambiental prevê o uso de, no mínimo, 80 espécies.

"Com as atuais exigências, nossos clientes têm aumentado e mudado. Hoje eles precisam ter mais informações para poder fazer o reflorestamento de forma correta", afirma Nave.

Também do setor de mata nativa, a Tropical Flora, reflorestadora da cidade de Garça, no interior de São Paulo, tem um perfil diferente: boa parte de suas três milhões de mudas é destinada ao mercado madeireiro. Isso significa que seus clientes plantam espécies para colher, no mínimo, daqui a 15 anos.

"Foi uma maneira de unirmos a questão ambiental com algo que desse retorno financeiro. Pelo menos assim, não vão destruir árvores na Amazônia", comenta Rodrigo Ciriello, diretor comercial da Tropical Flora.

A empresa, criada há sete anos, pertence a um grupo familiar que existe há 30 anos e se dedicava ao plantio de café e criação de gado.

Hoje, porém a Tropical Flora é o principal negócio. Além de fornecer as mudas, eles também fazem projetos de atualização da mata legal.

CRISE

A Camará, em Ibaté, também no interior de São Paulo, tem capacidade de produção de 15 milhões de mudas por ano. No seu caso, as espécies nativas ainda são a minoria: cerca de três milhões, enquanto, de eucalipto, são 12 milhões de mudas.

No entanto, com a crise do setor de celulose no ano passado, enquanto a produção de eucalipto caiu para um terço, ou seja, quatro milhões de mudas, a de nativas quase não sofreu, chegou a subir um pouco, aproximando as duas produções. O número de funcionários acabou sendo também reduzido, mas pode voltar a crescer agora.

"O faturamento caiu 40% em 2009. Como já estamos acostumados com essas mudanças, pois trabalhamos para atender a demanda de grandes clientes, conseguimos sair bem. Agora a tendência é voltar ao resultado de 2008", comenta o sócio-proprietário da Camará, Carlos Nogueira.

A empresa fornece cerca de 70% das suas mudas para São Paulo. Os maiores clientes de espécies nativa são hidrelétricas que fazem programas ambientais.

O custo das plantas varia: a nativa custa R$ 0,60; o eucalipto, R$ 0,30. "Chegamos a pensar em diminuir o plantio de nativas, mas acabamos desistindo. De uns 4 anos para cá, houve um aumento significativo na venda dessas mudas", diz Nogueira.

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